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Governança em Crises e a Substituição do Gerente de Projetos: Impactos e Estratégias para PMOs


Introdução

A gestão de projetos é uma disciplina que está em constante evolução, buscando aprimorar a forma como as organizações planejam, decidem e controlam suas iniciativas. Nesse contexto, a governança de projetos surge como um elemento fundamental para o sucesso organizacional. No entanto, mesmo com os melhores sistemas de governança, as organizações podem enfrentar eventos inesperados que desencadeiam crises. 

Crises em projetos podem variar desde desvios de cronograma e orçamento até eventos que ameaçam a continuidade do projeto ou a reputação da organização. Em momentos críticos como esses, a decisão de substituir o gerente de projetos pode ser uma resposta de governança complexa e delicada. 

Este artigo explora como a governança se manifesta em situações de crise e analisa a decisão de substituir o gerente de projetos como uma possível resposta a essas crises. Utilizando o Modelo Cynefin de Snowden e Boone (2007) como base, exploraremos como diferentes níveis de complexidade influenciam a tomada de decisão e as ações de governança em resposta a crises.

Contextualização

A governança de projetos é um campo fundamental para assegurar a entrega de valor e mitigar riscos ao longo do ciclo de vida dos projetos. Segundo Müller (2016), a governança de projetos é composta por sistemas de controle, processos de tomada de decisão e mecanismos de responsabilização que garantem que os projetos estejam alinhados com os objetivos estratégicos das organizações. Para Meredith e Mantel (2021), a governança de projetos se tornou ainda mais relevante na era da globalização e da digitalização, onde a complexidade dos projetos demanda um alto nível de coordenação e adaptação.

Durante crises, a governança precisa ser dinâmica e responsiva para minimizar impactos adversos. Estudos indicam que crises podem surgir a partir de fatores internos, como falhas na execução do projeto e conflitos entre stakeholders (Iftikhar et al., 2021), ou fatores externos, como mudanças regulatórias e oscilações de mercado (Turner, 2016). Em ambos os cenários, a capacidade de resposta organizacional depende diretamente da eficácia da governança implementada.

A teoria da contingência é frequentemente utilizada para explicar a necessidade de ajustamentos na governança durante crises. Segundo Shenhar e Dvir (2007), não existe uma solução universal para governar projetos, pois cada situação demanda uma abordagem distinta. Essa perspectiva corrobora o uso do modelo Cynefin, desenvolvido por Snowden e Boone (2007), que categoriza situações em quatro domínios: Simples, Complicado, Complexo e Caótico. A substituição de um gerente de projeto pode ser uma resposta estratégica a crises que ocorrem nos domínios Complexo e Caótico, onde soluções convencionais podem não ser eficazes.

Estudos empíricos demonstram que diferentes setores adotam práticas variadas de governança em momentos de crise. No setor de tecnologia, por exemplo, há uma maior flexibilização na troca de liderança para manter a agilidade na gestão de produtos e serviços inovadores (Brown & Eisenhardt, 1998). Em contrapartida, setores altamente regulados, como construção e saúde, adotam abordagens mais estruturadas e formais para assegurar a conformidade com padrões normativos (Winch, 2010).

O alinhamento entre governança e gestão de crises é essencial para minimizar riscos e garantir a continuidade dos projetos. Ao adotar frameworks adaptativos e modelos de resposta à crise, como o Cynefin, os PMOs podem tomar decisões informadas sobre a substituição de gerentes de projetos e a reorganização da liderança em tempos de instabilidade.

Aplicações Reais: Governança de Projetos em Ação

A aplicação eficaz da governança em projetos é crucial para garantir o alinhamento com os objetivos estratégicos da organização e o sucesso na entrega de valor. No contexto de substituição de gerentes de projeto, a governança desempenha um papel duplo: orientando a decisão inicial de substituição e fornecendo a estrutura para o novo gerente restabelecer o controle e a direção do projeto.

Aplicabilidade em PMOs

Os PMOs desempenham um papel crucial na gestão de crises, pois são responsáveis por garantir a governança, a conformidade e o suporte adequado aos projetos organizacionais (Aubry et al., 2010). A substituição de um gerente de projeto deve ser conduzida de forma estruturada e alinhada às diretrizes estratégicas da empresa.

Empresas como a Petrobras e a Odebrecht, frequentemente citadas em estudos de caso sobre governança em projetos, demonstram a importância de mecanismos de governança robustos para garantir a transparência, a prestação de contas e a conformidade em projetos complexos. A adoção de práticas de governança como o PMO (Project Management Office) e a implementação de padrões e metodologias de gerenciamento de projetos são exemplos de iniciativas que fortalecem a governança e contribuem para o sucesso dos projetos.

No setor de tecnologia, empresas como a Microsoft e a Amazon implementam estruturas de governança para gerenciar seus portfólios de projetos complexos e garantir a entrega de produtos e serviços inovadores. Essas empresas utilizam PMOs para padronizar processos, monitorar o desempenho dos projetos e garantir o alinhamento com as estratégias de negócios.

Em projetos de infraestrutura, a governança desempenha um papel fundamental na gestão de riscos, no controle de custos e no cumprimento de prazos. Empresas como a Bechtel e a Fluor Corporation implementam sistemas de governança robustos para garantir a transparência e a prestação de contas em projetos de grande escala.

Esses exemplos ilustram a importância da governança em diferentes setores e a necessidade de adaptar as práticas de governança às características específicas de cada projeto e organização. A implementação eficaz da governança contribui para o sucesso dos projetos, a satisfação das partes interessadas e o alcance dos objetivos estratégicos da organização.

Critérios para a Substituição de Gerentes de Projeto

De acordo com Davis et al. (2023), os principais critérios para substituição de gerentes de projeto incluem:


  1. Baixo Desempenho: Projetos que apresentam atrasos críticos, estouros de orçamento ou falhas de qualidade podem demandar substituição.

  2. Mudanças na Estratégia Organizacional: Projetos que entram em novas fases podem exigir líderes com perfis distintos.

  3. Gestão Ineficiente de Stakeholders: Relações comprometidas com partes interessadas podem impactar negativamente o sucesso do projeto.

  4. Inadequação de Competências: Gerentes com deficiências em habilidades técnicas ou interpessoais podem ser substituídos.


Estratégias para uma Transição Eficaz


  • Desenvolvimento de Planos de Contingência: PMOs devem ter planos para mitigar impactos da substituição.

  • Integração Rápida do Novo Gerente: Onboarding estruturado é essencial para acelerar a adaptação.

  • Monitoramento Contínuo: Avaliação contínua do novo gerente e dos impactos no projeto.


Conclusão

A governança eficaz é um fator determinante para a resiliência organizacional em tempos de crise. A decisão de substituir um gerente de projetos não deve ser vista apenas como uma medida corretiva, mas sim como parte de uma estratégia de governança adaptativa que garanta a continuidade e a estabilidade do projeto. No entanto, essa decisão precisa ser fundamentada em dados, métricas claras e alinhamento estratégico, evitando trocas precipitadas que possam comprometer a execução do portfólio de projetos.

Segundo um profissional com 15 anos de experiência em PMO, mestre e certificado internacionalmente, "a substituição de um gerente de projetos deve ser a última alternativa em uma crise. Antes de tomar essa decisão, é essencial analisar se o contexto organizacional permitiu ao gerente atuar de forma eficaz, se os processos de governança estão bem definidos e se há suporte adequado para a liderança. Muitas vezes, o problema está mais no ambiente de trabalho do que no profissional em si."

Dessa forma, PMOs precisam estruturar mecanismos robustos de suporte à liderança, oferecendo treinamento contínuo, coaching e ferramentas que possibilitem uma gestão mais eficaz, reduzindo a necessidade de substituições abruptas. Além disso, é essencial que organizações adotem frameworks adaptativos, como o modelo Cynefin, para avaliar crises e tomar decisões com base no nível de complexidade envolvido.

O futuro da governança de projetos está na integração de práticas ágeis e no uso de tecnologias emergentes, como análise preditiva e IA, para identificar riscos e agir preventivamente. Estudos futuros podem aprofundar a relação entre mudanças de liderança, impacto na entrega de valor e melhores práticas para garantir maior estabilidade nos projetos.


A KPRL Consultoria do Brasil é especialista em governança de projetos e implementação de PMOs estratégicos, ajudando empresas a enfrentar desafios críticos na gestão de crises e na substituição de gerentes de projetos. Com uma abordagem baseada em frameworks reconhecidos, como o modelo Cynefin, auxiliamos organizações a estruturar mecanismos eficazes de suporte à liderança, garantindo uma transição planejada e minimizando impactos negativos na entrega dos projetos. Nossa consultoria trabalha na implementação de processos de governança robustos, treinamentos especializados e uso de tecnologias preditivas para antecipação de riscos, permitindo que empresas ajam de forma proativa na gestão de crises e na continuidade dos projetos.

À frente da KPRL Consultoria do Brasil, Rui Luiz, mestre em gestão de projetos e certificado internacionalmente, traz sua vasta experiência para apoiar empresas na tomada de decisão estratégica e na estruturação de PMOs orientados a resultados. Com uma visão prática e fundamentada em melhores práticas globais, Rui Luiz e a equipe da KPRL ajudam organizações a transformar crises em oportunidades, promovendo estabilidade, eficiência e geração de valor nos projetos. Se sua empresa busca soluções estratégicas para aprimorar a governança de projetos e lidar com desafios críticos de gestão, entre em contato conosco.


Referências

Aubry, M., Hobbs, B., & Thuillier, D. (2010). The contribution of the project management office to organizational performance. International Journal of Managing Projects in Business, 3(1), 141-148.

Brown, S. L., & Eisenhardt, K. M. (1998). Competing on the edge: Strategy as structured chaos. Harvard Business School Press.

Davis, K., Di Maddaloni, F., & Pinto, J. K. (2023). Drawing new cards or standing pat: Antecedents, dynamics, and consequences of project manager replacement. IEEE Transactions on Engineering Management, 70(5), 1670–1692.

Iftikhar, R., Müller, R., & Turner, J. R. (2021). Governance of projects in crisis: A systematic review. International Journal of Project Management, 39(2), 150–165.

Meredith, J. R., & Mantel, S. J. (2021). Project management: A managerial approach (10th ed.). Wiley.

Müller, R. (2016). Governance and governmentality for projects: Enablers, practices, and consequences. Routledge.

Shenhar, A. J., & Dvir, D. (2007). Reinventing project management: The diamond approach to successful growth and innovation. Harvard Business Review Press.

Snowden, D. J., & Boone, M. E. (2007). A leader’s framework for decision making. Harvard Business Review, 85(11), 68–76.

Turner, J. R. (2016). Gower handbook of project management (5th ed.). Routledge.

Winch, G. M. (2010). Managing construction projects: An information processing approach (2nd ed.). Wiley.

 
 
 

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